Entrevistas sobre Umbanda e Candomblé 


Obs: Foi de escolha das pessoas entrevistadas se manterem anônimas, por tanto, seus nomes, fotos ou áudios não serão publicados. 

               A entrevistada frequentou a Umbanda por 15 anos

Nome: Anônimo
Sexo: Feminino
Idade: 60 anos
Profissão: Funcionária publica / Auxiliar do desenvolvimento escolar
          
-- Faz quanto tempo que você frequentou essa religião?

"Ha frequentei eu era...A mais de 20 anos. Eu era jovem ainda."

--Poderia me dizer como foi seu primeiro contato com essa religião?

" No primeiro momento eu senti um pouco de medo. Entendeu? Não vou mentir não né?! Assim, é muito sinistro, é muito mistério né?! A gente entrando assim e vendo, e eu era adolescente nessa época. Isso já faz mais de vinte anos né?! Então, eu era uma adolescente, então, eu tinha muita curiosidade e eu sempre gostei das danças deles das músicas né?! Eu sempre achei bacana aquelas músicas do Candomblé que envolvia Bahia né?! Tudo... Sempre achei bonito né?! É bem terra mesmo, bem brasileiro né?! Então isso aí me envolvia, eu achava bacana, então, por isso eu ia, via tudo, cada dia era... Cada dia não né?! Quando eu ia assim era um aprendizado. E eu achava bonito as roupas deles né?! Que era... Elas vestiam tudo de branco e ponhavam aqueles colares aqueles turbantes, e eu achava bacana, tanto homem quanto mulher se vestia assim né?! "

--E você poderia me dizer se algumas das características presentes nessa religião tinham algum elemento africano que você conseguiu identificar?

" Não, aquele tempo a gente via bem.. gente bem,assim, negra mesmo, então que eu acho que era né?! Eu acho que já pertencia aos africanos mesmo né?! E aqueles que tocavam aquelas músicas lá de trás mesmo que pertencia aos africanos né?! Que é aquele bumbo, aquela.. Que faz parte né?! E eles... Eu to aqui falando, mas to lembrando, ta vindo na minha mente. Uma vez eu fui...Não é nem aqui em Marília,  em outra cidade que nem me lembro mais, eu fui, com outras pessoas assim, era um sítio né?! E eles se encontram em terreiro, em lugares descampados, tem arvores assim, mas é sempre um lugar limpinho assim, onde eles possam trabalhar. E ali eles faziam um risco no chão sabe?! É coisas deles mesmo né?! Era uma religião aquele.. Tudo dizia alguma coisa né?! Aquilo que eles faziam ali né?! E ali em volta daquele traço, um circulo, eles ficavam tudo em volta em circulo assim, e ali eles cantavam e depois recebiam os espíritos né?! Recebiam o passe né?! É isso que eles falavam né?! É aí que a gente ficava meio com medo, poque aí abaixava os espíritos, por exemplo, o Caboclo né?! O caboclo acho que é o personagem mais assim.. Mais conhecido, vamos dizer  né?! Nessa religião. Porque quando ele abaixava né?! Ele fala assim bem caipira mesmo sabe?! O nome já diz né?! então era aquela linguagem cabocla mesmo sabe?! E é muito assim, o Caboclo lembra muito assim,  família, lembra muito assim o avô da gente né?! Tratava a gente como neto assim, vamos se dizer o jeito deles né?! É que é muito chegado em criança né?! Esse, esse.. Não sei se é espírito que fala, não lembro o nome, se é isto. Então eu lembro muito bem do caboclo. Agora um forte que eu ficava com medo, assim, que eu ouvia falar, mas que ficava meia assim era o Zé Pilintra né?! "

-- Quem seria o Zé Pilintra? 

" O Zé Pilintra era forte.  Era outro que abaixava e ele... Dá até medo de pronunciar o nome dele sabe?! Hoje né?! Não sei, naquele tempo dava meio que medo, porque ele era... Não sei se ele era meio da esquerda, lá eles tinham assim, direita e esquerda né?! E o Zé Pilintra era meio da esquerda eu acho. "

-- E o que representaria esse direita e esquerda? 

" Há eu acho que é aquele lado que não é muito do bem, eu acho. "

-- No caso, então seria como a separação do bem e o mal, sendo direita para o bem e esquerda para o mal?

" É. É isso que entendo, eu não sei se eu to falando coisa errada né?! Mas é isso que me vem na cabeça daquela época assim, porque eu sempre fui uma curiosa né?! "

-- Você já sofreu preconceito ou já ouviu comentários preconceituosos sobre essa religião? 

" Sempre existiu né?! Até hoje existe . Por isso que eles são meio que reservados né?!  Eu acredito que até hoje tenha isso. Mas ali frequentava muita gente de dinheiro, você via né?! Aquele tempo você não via muito carro chique, e aquele tempo via muito carro parado na frente do local, assim, chique mesmo daquela época. Hoje, podemos se dizer, que o que é popular naquela época não era, então você via que era gente do dinheiro que frequentava. Então assim, era frequentado por qualquer classe popular né?! Mas essa classe popular alta frequentava muito. "

-- E o que te levou a abandonar essa religião? Você não se identificou com ela? 

" Não. Como falo pra você?! Eu num era dotada ali né?! Eu fui porque eu quis né?! Então vai passando os anos você não quer mais saber disso, você quer saber de outras coisas né?! Conhecer outras coisas, porque na verdade eu sou católica. Sou católica de raiz assim, de família eu sou católica, então eu acho que tava desvirtuando o que eu era né?! Então, por isso, foi mais uma curiosidade mesmo e... Porque a gente via e porque conhecia né?! Tinha uns conhecidos perto que frequentava, então você queria ir lá e tinha amizade né?! Até hoje eu vejo alguém daquele tempo, eu sou boa fisionomista, que fazia parte desse membro aí. Eu me lembro dessas pessoas. "


           A entrevistada nunca teve contato com Candomblé ou Umbanda

Nome: Anônima
Sexo: Feminino
Idade: 47 anos
Profissão: Funcionária publica / Auxiliar de serviços gerais

-- O que você sabe sobre as religiões Umbanda e Candomblé?

" Ha eu não conheço muita coisa dessa religião, não."

-- O que você já ouviu falar sobre essas religiões?

" O que eu já ouvi falar dela..." 

-- Não se preocupe, pode falar a verdade. 

" Há que são centros de.. de terreiros pra fazer macumba, pra fazer a maldade pras pessoas né?! Eu penso assim que a pessoa que acredita em santos acredita que fazendo pedido pra santo consegue alguma coisa, são pessoas que não crê em Deus e acredita nos santos. "

-- Você conhece alguém que seja de alguma dessas religiões?

" Conheço. "

-- Você tem curiosidade em conhecer essas religiões?

" Não. "

--Você acha que existe uma ligação entre essas religiões e os africanos que foram escravizados e trazidos para o Brasil? 

" Ha sim, tem muita ligação né?! Muita ligação com eles, acho que foi eles que criaram isso daí devido a... Eu acredito que por serem escravos e não permitirem que eles tinham uma religião e nem que eles pudessem acreditar em Deus foi uma forma deles se proteger, uma forma deles mesmo crê em alguma coisa né?! Eu acredito que foi eles que criaram essa religião como forma de respeito mesmo, uma crença deles mesmo. " 

--Em que as pessoas praticantes dessas religiões acreditam, na sua opinião?

" Eles acreditam numa força maior né?! De... Dos santos, dos santos. Na verdade eles acreditam mais em santos do que em Deus, eles acreditam que fazendo oferendas, se dedicando, dançando e prestigiando os santos eles conseguem qualquer coisa, tanto pra direita quanto pra esquerda, tanto bem quanto mal. Pra fazer o bem e pra fazer o mal. "

--Qual a sua opinião sobre essas religiões ?

" Há eu acho que cada um acredita naquilo que quer né?! Tudo vem da fé. Se você acredita num balde, é a fé que você depositou ali, então você acha que vai acontecer. Eu penso que... A minha opinião a respeito disso daí, são pessoas fracas, são pessoas que não conhecem Deus né?! Então elas se apegam em santos, em imagem, em rodar, em invocar seres né?! Pra se proteger, é uma forma de proteção. Então a minha opinião a respeito disso, eu respeito, não condeno né?! Eu respeito eles, mas mantenho a distância. " 

--Você acha que essas religiões são características marcantes da cultura brasileira?

" Há sim, são. O Brasil é muito, muito cultuado nisso daí, eles vão muito atrás disso, as pessoas depende muito, principalmente é políticos, empresários, essas pessoas de grande poder aquisitivo, eles vão muito atrás disso disso daí porque eles acreditam que vendendo a alma, eles acreditam que se dedicando pra essas pessoas, evocando esses santos, evocando esses personagens né?! Esses santos ou... Eu não sei a forma correta como chama os guias né?! Eles acreditam que eles permaneçam no poder devido a essa dedicação deles com eles, então o Brasil faz grande parte disso daí, muito em todo lugar. " 



 Feito por: Aline Perfeito, Júlia Vargas, Letícia Farias, Victoria Loddi e Thainara  Rodrigues   





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